martes, 20 de abril de 2021

João Lourenço

 

Biografia

É filho de Sequeira João Lourenço, natural de Malanje, e de Josefa Gonçalves Cipriano Lourenço, natural do Namibe, enfermeiro e costureira respectivamente, ambos já falecidos.   Nasceu no Lobito e fez seus estudos primários e secundários na província do Bié, onde seu pai se encontrava na situação de residência vigiada por 10 anos. Sequeira esteve preso por três anos na prisão de São Paulo em Luanda, pelo exercício de actividade política clandestina, enquanto enfermeiro do Porto do Lobito.

Educação e Trabalho

Deu continuidade aos estudos em Luanda no então Instituto Industrial de Luanda. 
Após a queda do regime fascista em Portugal, na companhia de outros jovens, juntou-se à luta de libertação nacional em Ponta Negra em Agosto de 1974 no CIR Kalunga. Integrou o primeiro grupo de combatentes que entraram em território nacional via Miconge-Belize-Buco Zau-Dinge-Cabinda. Em vésperas da Independência, participaram dos combates na fronteira do N’Tó/Yema contra a coligação FNLA/Exército Zairense, que derrotaram, e a partir do morro do Tchizo em Cabinda contra a unidade da FNLA que se encontrava nas margens do rio Lucola à entrada da cidade.  
Tem formação em artilharia pesada e exerceu funções de Comissário Político em diversos escalões, de pelotão,, batalhão a brigada e comissário da 2ª Região Político-Militar Cabinda, em 1977/78. Enviado para então União Soviética de 1978 a 1982 à Academia Superior Lénine de onde, para além da formação militar, trouxe o título de Master em Ciências Históricas. É poliglota: além do português, fala inglês, russo e espanhol. 

De 1982 a 1983, participou nas operações militares no centro do país, Kwanza Sul, Huambo, e Bié com posto de comando no Huambo. 
De 1983 a 1986, desempenhou as funções de Comissário Provincial do Moxico e Presidente do Conselho Militar Regional da 3ª Região Político-Militar. 
De 1986 a 1989, desempenhou as funções 1º Secretário do Partido e de Comissário Provincial de Benguela. 
De 1989 a 1990 desempenhou as funções de Chefe da Direção Política Nacional das FAPLA, em substituição do General Francisco Magalhães Paiva N’Vunda nomeado Ministro do Interior. 
De 1991 a 1998 desempenhou as funções de Secretário do Bureau Político para a Informação, de Secretário do Bureau Político para a Esfera Económica por um curto período, de Chefe da Bancada Parlamentar. 

De 1998 a 2003 desempenhou as funções de Secretário Geral do MPLA e de Presidente da Comissão Constitucional. 
De 2003 a abril de 2014 desempenhou as funções de 1º Vice Presidente da Assembleia Nacional.  
De 2014 a 2017 desempenhou as funções de Ministro da Defesa de Angola.
Em 23 de agosto de 2017 foi eleito Presidente de Angola, nas Eleições Gerais (Presidenciais) do mesmo ano. Em 26 de setembro de 2017 foi empossado como Presidente de Angola, tornando-se o terceiro Presidente na história do país.
A 8 de setembro de 2018 foi eleito Presidente do MPLA, partido que governa Angola desde 1975, tornando-se no 5º Presidente do mesmo.
A 22 de novembro de 2018, foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, no âmbito da sua Visita de Estado de três dias a Portugal.

Casamento e filhos

É casado com Ana Afonso Dias Lourenço e tem sete filhos.

Ministro da Defesa Nacional

Logo após a nomeação para o cargo de ministro da Defesa Nacional, João Lourenço rejeitou uma proposta do seu filho mais velho que visava colocar uma empresa no sistema de fornecimento de logística das Forças Armadas Angolanas (FAA). Terá feito o mesmo com outros pedidos do género de altos funcionários do regime e de colegas do partido (fonte).

José Eduardo dos Santos

 

Infância

José Eduardo dos Santos, segundo as fontes oficiais, teria nascido onde hoje é o bairro de Sambizanga em Luanda. Seu local de nascimento é assunto de controvérsia; algumas fontes indicam que ele nasceu em Almeirim (Ilha de São Tomé). É filho de Avelino Eduardo dos Santos, pedreiro, e de sua mulher Jacinta José Paulino, ambos já falecidos. Seus pais eram imigrantes de São Tomé e Príncipe.
Frequentou a escola primária em Luanda onde também fez o ensino secundário no Liceu Salvador Correia que hoje se chama Mutu-ya-Kevela.

Carreira militar

Durante os estudos José Eduardo dos Santos juntou-se ao MPLA quando este foi constituído em 1958,o que marcou o começo da sua carreira política.
Após a eclosão, em Luanda, da luta contra o poder colonial português, em 4 de fevereiro de 1961, José Eduardo dos Santos abandonou em novembro desse mesmo ano Angola, e passou a coordenar na segurança do exílio a atividade da Juventude do MPLA, organismo do qual foi um dos fundadores e durante algum tempo vice-presidente. Eduardo dos Santos partiu para o exílio ao país vizinho República do Congo. Integrou, em 1962, o Exército Popular de Libertação de Angola (EPLA), braço armado do MPLA, e em 1963 foi o primeiro representante do MPLA em Brazavile, capital da República do Congo. Em novembro do mesmo ano, beneficiou de uma bolsa de estudo para o Instituto de Petróleo e Gás de Bacu, na antiga União Soviética, tendo-se licenciado em Engenharia de Petróleos em junho de 1969. 
Ainda na URSS, depois de terminados os estudos superiores, frequentou um curso militar de Telecomunicações. Isso o habilitou a exercer, quando voltou para Angola (em 1970), funções nos Serviços de Telecomunicações na 2.ª Região Político-Militar do MPLA, em Cabinda de 1970 a 1974.
Em 1970 Angola ainda era um território Português conhecido como Província Ultramarina de Angola e Eduardo dos Santos desempenhou um papel significativo na luta pela independência de Angola.
Em 1974, foi promovido a sub-comandante do serviço de telecomunicações da segunda região. Ele serviu como representante do MPLA para Jugoslávia, a República Democrática do Congo e a República Popular da China antes de ser eleito para a Comité Central[17] e Politburo do MPLA em Moxico em setembro de 1974.

Percurso político

De 1974 a meados de 1975, José Eduardo dos Santos voltou a desempenhar a função de Representante do MPLA em Brazavile. Em setembro de 1974, numa reunião realizada no Moxico, foi eleito membro do Comité Central e do Bureau Político do MPLA. Em junho de 1975, passou a coordenar o Departamento de Relações Exteriores do MPLA e, cumulativamente, também o Departamento de Saúde do MPLA.
Com a proclamação da Independência de Angola, a 11 de novembro de 1975, foi nomeado ministro das Relações Exteriores. Nesta função, ele desempenhou um papel fundamental na obtenção de reconhecimento diplomático para o governo do MPLA em 1975-76. A MPLA tinha o poder em Luanda, porém o novo governo MPLA enfrentava uma Guerra Civil Angolana com as outras formações políticas; a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). No Primeiro Congresso do MPLA em dezembro de 1977, Eduardo dos Santos foi reeleito para o Comité Central e o Politburo. Em dezembro de 1978 foi movido do posto de Vice-Primeiro Ministro para Ministro do Planeamento e Desenvolvimento Económico
Com a morte do primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto, a 10 de setembro de 1979, José Eduardo dos Santos foi eleito Presidente do MPLA a 20 de setembro de 1979 e investido, no dia seguinte, nos cargos de presidente da República Popular de Angola e comandante-em-chefe das FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola). Também foi eleito Presidente da Assembleia do Povo a 9 de novembro de 1980.

Processo de paz

De 1986 a 1992, José Eduardo dos Santos teve um papel de destaque na solução da crise transfronteiriça entre Angola e a África do Sul, que culminaria no repatriamento do contingente cubano, na independência da Namíbia, e na retirada das tropas sul-africanas de Angola.
Presidente dos Santos é considerado um Chefe de Estado moderado, empenhado em manter a paz no país, continuando o processo de reconstrução política e econômica iniciada por seu antecessor.
O maior problema com qual teve que lidar foi o conflito continuo com seu maior rival e movimento de liberação: a União Nacional para a Integração Total de Angola (UNITA). UNITA, liderada por Jonas Savimbi e apoiada pela África do Sul e os Estados Unidos, nunca totalmente reconheceu a legitimidade do MPLA como o governo no poder em Angola e provocou vários conflitos armados ao longo dos anos para expressar sua oposição, o que resultou em uma guerra civil de 27 anos que devastou o país e os fundos públicos angolanos.
A guerra teve intervenção estrangeira intensa. Devido ao apoio da União Soviética e Cuba, os Estados Unidos e África do Sul apoiaram UNITA como uma forma de limitar a expansão da influência soviética em África.

Com o fim da Guerra Fria e pressionado pela comunidade internacional, mas simultaneamente a braços com dificuldades económicas internos e a continuação de uma guerrilha de desgaste por parte da UNITA, José Eduardo dos Santos procurou uma solução negociada com a UNITA. Impôs a passagem de Angola para um regime democrático que, baseando-se numa constituição adotada em 1992, permitiu o pluralismo político e a economia de mercado.
Em 29 e 30 de setembro de 1992, após 16 anos de conflito, que matou até 300 mil pessoas, foram realizadas eleições em Angola, sob a supervisão das Nações Unidas.
As eleições para a Assembleia Nacional deram a vitória ao MPLA com maioria absoluta. No entanto, nas eleições presidenciais José Eduardo dos Santos não foi eleito na primeira volta, embora tenha conseguido 49,57% dos votos, contra 40,07% de Jonas Savimbi. De acordo com a constituição vigente, uma segunda volta teria sido indispensável, mas a UNITA não reconheceu os resultados eleitorais, retomando de imediato a Guerra Civil Angolana. Um conflito começou, durante o qual ocorreu o Massacre de Outubro, quando centenas de manifestantes UNITA foram mortos pelas forças MPLA em todo o país, retomou-se assim a Guerra Civil Angolana. Deste modo, José Eduardo dos Santos manteve em funções, mesmo sem legitimidade constitucional.

Em 1993 enquanto UNITA recusava-se desistir do território que ganhou através de batalha, os Estados Unidos, envolvidos na resolução de negociações de paz entre os dois partidos e líderes rivais, a fim de elaborar um acordo de partilha de poder decidiu retirar o seu apoio à UNITA e oficialmente reconheceram o governo do MPLA como órgão dirigente oficial de Angola.[20] Dos Santos dirigiu pessoalmente essa intensa atividade diplomática que culminou no reconhecimento do governo angolano pelos Estados Unidos em 19 de maio de 1993, e a seguir no reconhecimento pela maior parte dos países.

A Guerra Civil Angolana terminou em 2002, com a morte violenta de Jonas Savimbi a 22 de fevereiro e a assinatura dos acordos de paz no dia 4 de abril do mesmo ano, nos quais a UNITA desistiu da luta armada, concordando com a desmobilização dos seus 50 mil militares, ou da sua integração nas Forças Armadas Angolanas, chegando-se deste modo a pôr termo a 27 anos da guerra civil. A paz foi declarada oficialmente em 2 de agosto de 2002.
Na sequência desta decisão, o Conselho de Segurança da ONU reabriu o Escritório das Nações Unidas em Angola e autorizou o estabelecimento da Missão das Nações Unidas em Angola (UNMA), destinada a consolidar a paz no país.

Uma vez que continuou a haver, em Cabinda, uma resistência contra a integração daquele enclave no Estado angolano, José Eduardo dos Santos concluiu a 1 de agosto de 2006 o Memorando de Entendimento para a Paz e Reconciliação na província de Cabinda formalmente assinado pelo ministro da Administração do Território de Angola, Virgílio de Fontes Pereira, e pelo presidente do Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), general António Bento Bembe, no Salão Nobre da Câmara da cidade de Namibe (hoje Moçâmedes), na presença de governantes, políticos e diplomatas acreditados na capital angolana, líderes religiosos e tradicionais, para além de representantes da sociedade civil. Este acordo destinou-se a pôr definitivamente fim à luta armada iniciada em 1975 pela FLEC, com o fim de obter a independência de Cabinda

Questões de governança após a guerra civil

Em 2001, dos Santos anunciou que não se candidataria a presidente na próxima eleição, que o próprio indicou que ocorreria em 2002 ou 2003.[26] No entanto, em dezembro de 2003 foi reeleito Presidente do MPLA e desde então não foram realizadas eleições presidenciais, apesar destas serem anunciados para 2006, depois para 2007 e finalmente para 2009. Depois de uma eleição legislativa em 2008 (as primeiras eleições legislativas desde 1992), em que o MPLA venceu com 81,64% dos votos, o partido começou a elaborar uma nova Constituição, que foi introduzida no início de 2010. Nos termos da nova Constituição, o líder do partido com mais assentos no Parlamento torna-se automaticamente o presidente do país.

José Eduardo dos Santos supostamente escapou de uma tentativa de assassinato em 24 de outubro de 2010, quando um veículo tentou interceptar seu carro quando voltava da praia com sua família. Sua escolta abriu fogo matando dois passageiros no veículo, e armas foram encontradas a bordo. Este incidente não foi confirmado por nenhuma outra fonte.
Em fevereiro/março de 2011, e depois novamente em setembro de 2011, manifestações públicas foram organizadas em Luanda por jovens angolanos, principalmente através da Internet.
Durante algum tempo, José Eduardo dos Santos parecia ser o candidato do MPLA em eleições presidenciais a serem marcadas proximamente, no entanto, em inícios de 2010 foi adotada uma nova constituição. Esta abandona, por um lado o princípio da divisão entre os poderes legislativo, executivo e judiciário, concentrando os poderes efetivos no presidente. Por outro lado, esta constituição já não prevê eleições presidenciais, mas um mecanismo pelo qual é eleito presidente da República e chefe do Executivo o cabeça de lista, pelo círculo nacional, do partido político ou coligação de partidos políticos mais votado no quadro das eleições gerais. As eleições legislativas seguintes foram entretanto agendadas para 2012, tendo José Eduardo dos Santos dado a conhecer a sua intenção de não voltar a candidatar-se, apontando como o seu sucessor Manuel Domingos Vicente, na altura presidente da Sonangol Porém, mais tarde voltou atrás, assumindo o estatuto de cabeça-de-lista dos candidatos pelo MPLA. Durante a posse, José Eduardo dos Santos apontou sempre a "estabilidade política" como prioridade do mandato presidencial. Esta estabilidade política também foi assegurada pelo cumprimento de um programa de reformas para a melhoria da organização, gestão e controlo das finanças públicas.

31 de agosto de 2012 decorreram eleições gerais, também estas ganhas pelo MPLA, e de acordo com a Constituição aprovada em 2010, José Eduardo dos Santos, como número um da lista eleitoral do MPLA, foi automaticamente eleito presidente da República, legitimando desta forma a sua permanência no cargo por um período de mais cinco anos. A sua posse formal foi a 25 de setembro de 2012.
Em setembro de 2014, José Eduardo dos Santos anunciou a cessação da acumulação do cargo de governador provincial, com o de primeiro secretário provincial do MPLA. Esta medida tinha como objetivo melhorar o funcionamento do aparelho da administração provincial e das administrações municipais, de forma a ajustar o modelo de governo ao novo contexto e maior procura dos serviços públicos.

Em 2014, o historiador e investigador angolano, Patrício Batsîkama, lançou um livro intitulado "José Eduardo dos Santos e a ideia da Nação Angolana". A obra questiona alguns aspetos do passado recente de Angola e responde a certas curiosidades em relação à participação do Presidente da República na luta pela independência nacional.

Contribuição para o desenvolvimento económico

Começando no início dos anos 90, Eduardo dos Santos abandonou progressivamente a ideologia marxista e estabeleceu uma economia liberal de mercado livre em Angola, colocando o país no caminho para se tornar a terceira maior economia da África subsariana depois da África do Sul e Nigéria, o segundo maior produtor de petróleo africano e um dos melhores locais para investimento estrangeiro em África.

Em novembro de 2006, dos Santos foi cofundador da Associação dos Países Africanos Produtores de Diamantes (ADPA) uma organização que conta com aproximadamente 20 nações africanas, e com a meta de promover cooperação no mercado e investimento estrangeiro na indústria diamantífera africana.

Controvérsias

José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente associado à grande corrupção e ao desvio de recursos do petróleo, em grande parte proveniente do enclave de Cabinda.Sua família é detentora de imenso património, que inclui casas nas principais capitais europeias, participações em grandes empresas, holdings em paraísos fiscais e contas bancárias na Suíça - um património acumulado ao longo de décadas de exercício do poder. Seus oponentes o acusam de ignorar as necessidades sociais e económicas de Angola, concentrando seus esforços em acumular riqueza para sua família, ao mesmo tempo em que silencia a oposição ao seu governo.
Em Angola, cerca de 70% da população vive com menos de 2 dólares por dia, enquanto Santos e sua família acumularam uma imensa fortuna, que inclui participações nas principais empresas do país, bem como em grandes empresas estrangeiras.

Santos enriqueceu desde que assumiu o poder, mas acumulou uma enorme quantidade de bens sobretudo durante e depois das guerras civis angolanas. A partir do cessar-fogo, quando grande parte da economia do país foi parcialmente privatizada, ele assumiu o controlo de diversas empresas emergentes e apoiou takeovers de várias outras companhias de exploração de recursos naturais.
Eventualmente o Parlamento de Angola considerou ilegal que o presidente pessoalmente, tivesse participação financeira em empresas. Na sequência, a fortuna de sua filha, Isabel dos Santos, baseada na participação acionária em várias empresas angolanas e estrangeiras, passou a crescer exponencialmente Paralelamente, o governo passou a assumir o controle acionário em empresas que o presidente indiretamente controlava.

Ao mesmo tempo, o orçamento governamental chegou a 69 bilhões de dólares em 2012, graças aos rendimentos proporcionados pelo petróleo, os quais saltaram de 3 bilhões de dólares, em 2002, para 60 bilhões, em 2008. No entanto, segundo o Fundo Monetário Internacional, 32 mil milhões de dólares das receitas de petróleo sumiram dos registos do governo. Afinal, descobriu-se que o dinheiro faltante foi usado em atividades quase fiscais.

José Eduardo dos Santos e o regime que representa tornaram-se alvo de protestos políticos por parte dos jovens angolanos, desde fevereiro de 2011. Uma grande manifestação pública realizada em Luanda, no início de setembro de 2011, foi duramente reprimida pela polícia, com dezenas de pessoas detidas e vários manifestantes feridos. A contestação ocorre sob outras formas, inclusive pelo "kuduro" rap e através de redes sociais da Internet.

Em junho de 2016, José Eduardo dos Santos nomeou Isabel dos Santos para as funções de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol. Um grupo de 12 juristas angolanos apresentou uma providência cautelar para suspender a eficácia da posse da empresária. Antes disso, a empresária angolana já tinha renunciado aos lugares que ocupava como administradora não-executiva da NOS, do Banco BIC e da Efacec para evitar problemas de conflito de interesses. Aquando da nomeação para o cargo, Isabel dos Santos afirmou ainda que "a preocupação com a redução de custos, bem como o aumento dos lucros e da competitividade, são hoje prioridades estratégicas obrigatórias".

Prémios e reconhecimentos

José Eduardo dos Santos foi eleito o "Homem do Ano 2014" pela revista “Africa World”. Segundo a publicação, a escolha do líder angolano deve-se ao seu contributo para o excelente processo de recuperação económica e democrática de Angola desde o fim da guerra. A 8 de maio de 2015, o Presidente angolano foi galardoado com o prémio de boa governação “Meafrica Award”, no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O Meafrica Awards é uma organização sem fins lucrativos que distingue personalidades individuais que contribuem na facilitação de investimentos e das relações económicas, para as economias em desenvolvimento.

Recebeu o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique a 25 de janeiro de 1988.
Recebeu o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada a 16 de janeiro de 1996

Vida privada

José Eduardo dos Santos tem 10 filhos de diferentes relações:
Durante a sua estadia na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), José Eduardo dos Santos casou-se pela primeira vez, com Tatiana Kukanova, natural do Azerbaijão, de quem se divorciou mais tarde. Deste casamento tem uma única filha:
Isabel dos Santos (1973), casada em Luanda em 2003 com Sindika Dokolo.
De Filomena de Sousa tem um filho:
José Filomeno de Sousa dos Santos.
De Maria Luísa Perdigão Abrantes (23 de julho de 1951), divorciada de Tito Luís Teixeira de Araujo Zuzarte de Mendonça (Luanda, 28 de outubro de 1948) e mãe de Tito Luís Perdigão Abrantes Zuzarte de Mendonça (Luanda, 6 de maio de 1975), com quem nunca se casou, tem um filho e uma filha:
Welwitschea José (Tchizé) dos Santos, casada com Hugo André Nobre Pêgo (6 de maio de 1976), filho de José Sebastião da Mata Pêgo e de sua mulher Anabela Nobre (? - 2000);
José Eduardo Paulino dos Santos, conhecido pelo pseudónimo artístico de Coréon Dú.
De Maria Bernarda Gourgel tem um filho:
José Avelino Gourgel dos Santos (28 de dezembro de 1988).
Casou-se pela segunda vez a 17 de maio de 1991 com Ana Paula Cristóvão Lemos (Luanda, 17 de outubro de 1963). Antiga hospedeira de bordo do avião presidencial angolano, Ana Paula conheceu José Eduardo dos Santos na época em que trabalhava nos voos presidenciais. É filha de José Cristóvão Lemos e de sua mulher Madalena Joaquim Breganha. Deste casamento tem três filhos e uma filha:
Eduane Danilo Lemos dos Santos (29 de setembro de 1991);
Joseana Lemos dos Santos (5 de abril de 1995);
Eduardo Breno Lemos dos Santos (2 de outubro de 1998);
Houston Lulendo Lemos dos Santos (15 de novembro de 2001).
De uma relação com “Eduarda, conhecida por Dadinha”
Josias dos Santos.

Lúcio Lara

 

Biografia

Filho de um fazendeiro português e da sua mulher angolana, nasceu na província do Huambo, antiga Nova Lisboa. Estudou em Lisboa, tendo vivido na Casa dos Estudantes do Império. Casou-se neste cidade com Ruth, filha de uma família composta de um alemão e de uma judia alemã que haviam fugido do nazismo, e com quem teve três filhos, Paulo, Wanda e Bruno. Chegou a ser professor de matemática e física, mas envolveu-se desde cedo nas movimentações nacionalistas em curso desde os anos 1950, em Angola e entre os angolanos no exílio. Foi eleito Secretário da Organização e dos Quadros na primeira conferência nacional do MPLA, em dezembro de 1962, passando mais tarde a Secretário Geral. Nesta função, foi o "operacional" junto de Agostinho Neto, sobre tudo a partir da sede do MPLA em Brazavile onde adoptou uma criança natural do país, Jean-Michel Mabeko Tali.

Na data da morte de Agostinho Neto, Lara era o mais alto membro do bureau político e vice-presidente do MPLA. Com isto, assumiu interinamente as funções de presidente do partido, e, por extensão, de presidente da República Popular de Angola. Convocou, com urgência, o 2º Congresso do MPLA, em 11 de setembro de 1979, trabalhando fortemente para a eleição de José Eduardo dos Santos, que ocorreu em 20 de setembro do mesmo ano. Recusou todas as propostas a ele feitas para assumir efetivamente a liderança do país

António Agostinho Neto

 

Biografia

Nasceu a 17 de setembro de 1922 em Caxicane, freguesia de São José, concelho de Ícolo e Bengo, filho de Agostinho Neto, catequista de missão metodistaamericana em Luanda (sendo mais tarde pastor e professor nos Dembos) e de Maria da Silva Neto, professora.

Estudos e formação política

Ao seus pais mudarem-se para Luanda obtém, em 10 de junho de 1934, o certificado da escola primária, e; em 1937 inicia seus estudos secundários no Liceu Salvador Correia, concluindo os mesmos em 1944.
Após concluir o liceu, foi contratado pelos serviços administrativos da África Ocidental Portuguesa para servir como funcionário dos serviços de saúde, neste tempo ampliando sua visão do problema colonial.
Deixa Angola e embarca para Portugal, a fim de frequentar a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Em Coimbra torna-se um dos fundadores da secção Casa dos Estudantes do Império (CEI). Na CEI funda a revista Movimento, em colaboração com Lúcio Lara e Orlando de Albuquerque, e o grupo "Vamos Descobrir Angola", que deu origem ao "Movimento dos Jovens Intelectuais de Angola".
Em 1948 ganha uma bolsa de estudos pelos metodistas americanos, transferindo sua matrícula para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, continuando sua atividade no seio da CEI.
Em 1948 foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), em Lisboa, quando recolhia assinaturas para a Conferência Mundial da Paz ficando encarcerado durante três meses. Ao ser solto, Agostinho Neto, em parceria com Amílcar CabralMário de AndradeMarcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro fundam, clandestinamente o Centro de Estudos Africanos (a instituição viria a ser fechada pela PIDE em 1951).
Em 1951 é eleito representante da Juventude das Colônias Portuguesas (JCP) junto ao Movimento de Unidade Democrática - Juvenil (MUD-J), grupo fortemente ligado ao Partido Comunista Português (PCP). As atividades no JCP rendem-lhe uma nova prisão pela PIDE, em Lisboa, em 1951. Em 1955 Foi novamente preso por suas atividades políticas no JCP e no MUD-J em 1955, sendo condenado a 18 meses de encarceramento. Esta última mobilizou muitos intelectuais em seu apoio, que fizeram uma petição internacional a pedir a sua libertação, entre eles Simone de BeauvoirFrançois MauriacJean-Paul Sartre e o poeta cubano Nicolás Guillén.
Ainda estava encarcerado quando, em 10 de dezembro de 1956, funda-se o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) a partir da fusão principalmente dos grupos nacionalistas Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola e Partido Comunista Angolano, além de outros grupos menores.
Libertado em julho de 1957, dedicou-se em finalizar seus estudos, licenciando-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em 27 de outubro de 1958.

Luta anticolonial

Em 1959 integra-se ao Movimento Anticolonial (MAC), embora que desde que liberto, em 1957, já tomava parte de suas atividades sem filiação formal, para evitar ser novamente preso.
Em 22 de dezembro de 1959, juntamente com a família, ruma para Luanda, onde abre um consultório médico, passando a organizar as atividades políticas do MPLA, ainda pouco efetivo. Assume a liderança do movimento neste mesmo ano.
Em 8 de junho de 1960 é preso em Luanda, gerando grandes manifestações de solidariedade diante do seu consultório médico. Operações policiais são levadas a cabo contra seus apoiantes e a aldeia onde nasceu é invadida pelas forças oficiais
É levado para a cadeia do Algarve em Portugal, sendo pouco depois deportado para o arquipélago de Cabo Verde, ficando instalado na prisão de Ponta do Sol, ilha de Santo Antão; finalmente é transferido para o Campo do Tarrafal, onde fica até outubro de 1962. É na prisão que escreve alguns de seus principais poemas, Mal havia sido solto é posto novamente em prisão, sendo transferido para as prisões do Aljube, em Lisboa. A forte repercussão internacional por sua prisão leva vários periódicos e intelectuais a fazer campanha contra Portugal, escancarando a Guerra Colonial Portuguesa, que havia iniciado, em Angola, em 4 de fevereiro de 1961. É liberto da prisão em março de 1963.
Ao ser liberto, permanece em Lisboa até junho de 1963, quando foge de Portugal com sua família, instalando-se em Quinxassa, onde o MPLA tinha a sua sede no exílio, reassumindo as funções de presidente efetivo do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento (por conta da prisão, era presidente honorário desde 1961). No mesmo ano ruma, com a sede do MPLA, para Brazavile em consequência da sua expulsão do Zaire que passou a dar o apoio total á Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).
Entretanto sua figura jamais foi unanimidade dentro do movimento anticolonial. As fortes divergências que teve com Viriato da Cruz, em 1963, levaram Neto a torturá-lo e humilhá-lo diariamente numa prisão, somente saindo (quase morto), por intervenção de aliados externos da Argélia e China[7]. Outra figura que o questionou fortemente foi Matias Miguéis, sendo que este acabou morto após humilhantes torturas ordenadas por Neto, em 1965; foi enterrado vivo somente com a cabeça para fora, onde lhe jogavam secreções ao mesmo tempo em que recebia golpes. Historiadores, como William Tonet, apontam que nem mesmo os portugueses cometeram tais atrocidades.
Passa a coordenar totalmente o núcleo militar do movimento, abrindo as frentes de Cabinda (1963) e do Leste de Angola (1966).
Em 1968 transfere a sua família para Dar es Salã, onde continuará até 4 de fevereiro de 1975.
Em 25 de abril de 1974 acontece a Revolução dos Cravos, em Portugal, ocorrendo o cessar das hostilidades; em outubro de 1974 o MPLA assina o cessar-fogo da Guerra de Independência de Angola, com o novo regime português reconhecendo o direito das colônias a independência.
Em 1975 é recebido em Luanda, nos preparativos para o Acordo do Alvor, em Portugal, onde é acordado estabelecer um "governo de transição" que inclui o MPLA, Portugal, FNLA e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
Em Março de 1975, a FNLA declara guerra ao MPLA e iniciam-se os conflitos. Agostinho Neto lidera o MPLA na proclamação da independência contra as forças portuguesas a FNLA a UNITA, sendo essas ações o prelúdio da Guerra Civil Angolana.

Presidência de Angola

Coordena as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA/EPLA) na Campanha para Conquista de Luanda, entre julho de 1975 e setembro de 1976 onde, principalmente durante a batalha de Quifangondo, expulsa as forças rivais que encontravam-se presentes na capital, elemento chave para o sucesso militar da MPLA ante a FNLA e a UNITA
Em 11 de novembro de 1975 Angola é declarada independente e Agostinho Neto é proclamado seu primeiro presidente, continuando Comandante-em-Chefe das FAPLA e Presidente do MPLA. Neto alinha a MPLA ao bloco socialista e estabelece um regime mono-partidário, inspirado no modelo então praticado nos países do Leste Europeu.
Na oportunidade, assume, em 11 de novembro de 1975 a função de reitor da Universidade de Angola (atual Universidade Agostinho Neto), função meramente cerimonial, pois quem de facto regia a instituição era o vice-reitor João Garcia Bires. Em 1975 torna-se também presidente da União dos Escritores Angolanos, cargo que desempenhou até a data do seu falecimento.
Assume o comando militar da FAPLA na Guerra Civil, angariando apoio de Cuba, que envia um grande contingente militar, apoio de pessoal médico e professores. Consegue expulsar, em 1976, o exército da África do Sul.
Sua liderança á frente do movimento e de Angola é confirmada no congresso de 1977, onde o MPLA é convertido em Partido do Trabalho.
Durante este período, houve graves conflitos internos no MPLA que puseram em causa a liderança de Agostinho Neto. Entre estes, o mais grave consistiu no surgimento, no início dos anos 1970, de duas tendências opostas à direção do movimento, a "Revolta Ativa" constituída no essencial por elementos intelectuais, e a "Revolta do Leste", formada pelas forças de guerrilha localizadas no Leste de Angola; estas divisões foram superadas num intrincado processo de discussão e negociação que terminou com a reafirmação da autoridade de Agostinho Neto. Já depois da independência, em 1977, houve um levantamento, visando a sua liderança e a linha ideológica por ele defendida; este movimento, oficialmente designado como Fraccionismo, foi reprimido de forma sangrenta, por suas ordens.
Os expurgos feitos dentro do seio da MPLA encarcerou muitos ex-militantes na cadeia de São Paulo, em Luanda, e em campos de concentração espalhados por diversos pontos do território angolano. Estes eram aqueles que se haviam oposto à liderança de Agostinho Neto - dos simpatizantes de Nito Alves aos intelectuais da Revolta Ativa -, partilhavam celas e desditas com os jovens da Organização Comunista de Angola (OCA) com mercenários portugueses, ingleses e americanos, militares congoleses e sul-africanos, e gente da UNITA e da FNLA.
Antes de sua morte, em 1979, o MPLA já havia se consolidado em Angola, fazendo reduzir a FNLA alguns poucos guerrilheiros, basicamente em território do Zaire, e a UNITA pouco efetiva, dependente do auxílio militar do regime de apartheid sul-africano.

Morte

Agostinho Neto morreu num hospital em Moscovo, em 10 de setembro de 1979, no decorrer de complicações ocorridas durante uma operação a um cancro do fígado de que sofria, poucos dias antes de fazer 57 anos de idade. Foi substituído na presidência de Angola e do MPLA por Lúcio Lara, que ficou poucos dias na interinidade até a posse de José Eduardo dos Santos.

Vida pessoal

Casou-se em outubro de 1958 com a escritorapoetisa e jornalista portuguesa Maria Eugenia Neto. A conheceu num círculo de escritores, em Lisboa, em 1948.
Poucos dias após casado com Maria Eugênia, nasce em Lisboa, em 9 de novembro de 1958, o seu primeiro filho, Mário Jorge Neto.[4] Em 1961 nasce sua segunda filha, Irene Alexandra Neto.

João Lourenço

  Biografia É filho de Sequeira João Lourenço, natural de  Malanje , e de Josefa Gonçalves Cipriano Lourenço, natural do Namibe, enfermeiro ...